quinta-feira, 23 de outubro de 2008

asas fortes


Essa manhã estava eu organizando o que será meu futuro [e tão prometido] zine. E pensando em assuntos p/ complementa-lo, pensei n tema "Liberdade". Um assunto bem difundido na cabeça de muitos. Períodos políticos demonstraram a luta desse ideal que custou muito esforço, discursos, palavrões, unhas, dentes e vidas. E assim o coronelismo caiu. Puf! A ditadura caiu. Puf! A censura caiu. Bleft!

Mas algo que deve haver uma profunda reflexão é no requisito: E hoje? Como anda a sua liberdade? É incrível mas o conceito liberdade é volátil ao extremo p/ cada pessoa. Uns questionam o porque de cortar o cabelo p/ ir a uma entrevista de emprego. Chegar em casa meia-noite. Usar calça rasgada. Votar p/ [féla]deputado. Fazer sexo no parque da cidade. Tudo é uma questão de ordem. Com o tempo você vê o que mais te convêm. O que desfrutar ou descartar. 

O que impressiona são os campos que pregam a liberdade, e mesmo assim, ditam regras a serem seguidas. Se não seguir? Você um traidor! Um poser! Um mané! Exemplos? O Punk Rock. Ouve uma libertação extremamente notável e importante p/ quebrar padrões éticos de comportamento, de visual, da musica, da vida. Detestaria ouvir bandas ramificadas do Rolling Stones, Pink Floyd e Guns'n Roses. São bandas notáveis e importanticimas para o rock, claro. O problema seria o receio de muitos musicos serem rejeitados se fizessem algo mais simplificado, ou meios não-definidos de criar musicas. Veio o punk e subiu essa bandeira. Graças a isso, hoje a inúmeros gêneros e bandas com musicalidade própria, deixando os acordes e harmonias com asas muito mais fortes, influenciando até em outros setores. Nisso, sua roupa pode muito bem ser diferente do que passa na novela das 8. Suas atitudes não precisam ser a mesma de um filho-do-neoliberalismo. Problema que todo o conceito punk se diverge mais e mais com o passar das gerações. Para muitos, ser punk é fazer moicano, curtir Ramones e Olho seco, e quebrar tudo e todos quando 
tiver indignado. Você não é assim? Você é um poser

- O que tu curte? 
- Cara curto Sex Pistols, Black Flag, Dead Kennedys, Placebo, Cólera, Garotos, Abril ...
- Ah boto fé. Abril? Que banda é essa?
- É a banda do Tavares do Fresno, muito boa.
- Háa seu emo, que merda!

Isso virou a coisa mais comum do mundo. O preconceito pelo que você ouve/fala/entende. Onde tá a merda da liberdade que tanto se pregou que você não pode NEM ouvir o que te agrada? Se essa porra me agrada, e por aí rotulam como emo, como assim sou modinha, ou emo? Fuck off p/ esses pau-no- com camisa do Garotos Podres que acha que você seguir apenas uma linhagem de som e NUNCA ouvir outra coisa. Ou mesmo, deixar o cabelo curto, ou fazer um moicano, jamais podendo fazer algo que por ai rotulam outra coisa. Vê um casal de gays e gritar "Ouuu viados filhos da puta!", ou mesmo uns 
carecas com coturno "Seu skinheads malditos!". Onde anda o respeito?  

A liberdade está em você fazer o que te agrada, ouvir o que se identificada, falar o que você pensa, fazer o que dá vontade, sem ferir ninguem. Foi a partir disso que os próprios ramones explodiram. Sex Pistols foi ao topo. Garotos podres virou simbolo. Escolher o que vestir. Fazer um blog e falar o que pensa. Não foi impondo o que tem que fazer, e sim mostrando um leque de escolhas. Quem disse que você tem que obedecer/acreditar/ouvir/fazer isso? A tv? O governo? O jornal? A igreja? A moda? Seu professor? Sua mãe? É nessa estrada de muitas estradas que se vive a liberdade.

Enquanto isso, pouco me fodo pra opiniões chucras, arrogantes, homofobicas, sexistas e estúpidas
Seja-você-mesmo. Faça-você-mesmo. Sem ser inconsequente e inválido.
E assim a segue a vida com asas com alguns ematomas, bandedes, mas pelo menos, com SUAS ASAS.


Enquanto isso, tem um bem-te-vi na antena aqui do lado, cantando. Muito agradável.
Por isso não crio pássaros ...
 

Nenhum comentário: